E aos poucos a ‘lei do silêncio’ vai sendo rompida, lentamente as marcas do sofrimento começam a dar lugar ao sorriso de quem viveu dias de aflição. Mais de 4 mulheres são vítimas de violência todos os meses em Porteiras, e as agressões ultrapassam as formas físicas, causando profundas sequelas morais e psicológicas nelas. Os números são resultantes de um levantamento feito entre 2016 e 2017 no município, através dos CREAS – Centro de Referência Especializado da Assistência Social, com base em informações da Assistência Social de Porteiras, estatística que aponta o município como o de maior ocorrência entre os municípios atendidos pelo CREAS regional (Jati, Potengi, Nova Olinda, Grangeiro, Santana do Cariri e Porteiras). Foram 54 ocorrências no período.
Para encarar esta realidade, o Governo Municipal aposta no apoio às famílias, e tão logo recebeu os números do órgão estadual, organizou, por meio da Secretaria de Assistência Social, uma agenda de ações. O fato é que através de um trabalho dedicado da psicóloga Bianca Pinheiro, integrante da Assistência e parte fundamental do CRAS – Centro de Referência da Assistência Social Maria Novais Miranda, do bairro Sol Nascente, setor que concentra a maioria dos casos desta natureza (com 10 registros, ou 19%), foi desenvolvido o projeto Marias do Sol, um plano estratégico completo que vem minimizando os efeitos da situação causada às mulheres, que geralmente estão indefesas.
De acordo com a secretária municipal da Assistência Social, Claudineide Santos Lima, o trabalho do projeto é centrado no apoio às vítimas, com reuniões quinzenais para trocas de experiências, depoimentos, rodas de conversa, exibição de filmes e vídeos, palestras sobre saúde da mulher, formas de denúncia com segurança e estratégias para a elevação da autoestima de quem já passou ou passa pelos dissabores do machismo. Para Claudineide – que é psicóloga com longa experiência – o apoio do Governo Municipal é fundamental no projeto Marias do Sol, haja vista a estrutura dos CRAS colocada à disposição, aliando suas políticas de assistência ao PAIF – Proteção e Atendimento à Família, e ao SCFV – Sistema de Convivência e Fortalecimento de Vínculos tem diminuído significativamente os registros, bem como estimulado a denúncia por parte das vítimas, um diferencial no enfrentamento.